segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lições nºs 55 e 56 (06/01/2010)

Sumário: Realização de uma actividade de consolidação da página 156 do manual; a definição clássica do conhecimento.


Actividade de consolidação (página 156/manual)

1 - Em que consiste a teoria clássica do conhecimento?


• O conhecimento é uma crença verdadeira e fundamentada.

2 - Pedro acredita que, se o Pai Natal estiver satisfeito com a forma como se portou durante o ano, o seu sapatinho no dia de Natal terá muitos presentes. Ao acordar na manhã do dia de Natal, verifica com agrado que o sapatinho tem muitos presentes. Suponhamos agora que no dia de Natal Pedro recebe de facto muitos presentes. Significa isso que a sua crença constituía um conhecimento?

• Não. A crença não constitui nenhum conhecimento porque Pedro não viu/viveu o acontecimento (Pai Natal pôr os presentes no sapatinho). A crença não é verdadeira nem fundamentada.

3 - Quais das seguintes situações poderão ser consideradas crenças verdadeiras justificadas?

a) Ao olhar para o bilhete de identidade da minha namorada, reparo que o seu aniversário é a 25 de Dezembro. Como é hoje, corro para lhe comprar uma prenda.

• Sim. A crença é verdadeira e fundamentada porque ele viu no BI o tal facto. Assim, esta crença é acontecimento.

b) Atiro uma moeda ao ar e, dando cara, digo que João não irá comparecer ao encontro com os amigos.

• Não. A crença acima referida não é verdadeira nem fundamentada porque atirando a moeda ao ar o João não está a dizer que não vai comparecer. Apenas é uma crença.

c) Todos os unicórnios são animais com um corno.

• Sim. A crença é verdadeira e fundamentada porque o nome descreve o facto apesar de ninguém poder comprovar a existência de tal animal.





d) Acordo e digo «Está a chover em Barcelona. Aposto que é verdade.». Na realidade, nesse momento está a chover em Barcelona.

• Não. A crença não é verdadeira nem fundamentada. Ele apenas "apostou"... e teve sorte.




4 - Quais das seguintes proposições constituem conhecimento a priori (independente da experiência) e quais constituem conhecimento a posteriori (dependente da experiência)?

a) Há cisnes pretos. - a posteriori

b) Todos os solteiros são não casados. - a priori

c) Todos os objectos vermelhos são coloridos. - a priori

d) O meu pai está desempregado. - a posteriori




5 - Leia o texto seguinte:




A maior parte dos filósofos pensa que não basta ter uma crença verdadeira para ter conhecimento. O primeiro a expressar esta ideia foi Platão, num diálogo chamado Teeteto.

Sócrates: Mas, voltando ao início da discussão, como é que poderíamos definir o conhecimento? Não vamos desistir da investigação, presumo eu.

Teeteto: De modo nenhum, a não ser que tu mesmo desistas.

Sócrates: Diz-me, então, qual a melhor definição que poderíamos dar de conhecimento, para não entrarmos em contradição connosco mesmos.

Teeteto: É exactamente a que já procurámos dar, Sócrates. Da minha parte, não vejo outra.

Sócrates: Qual é ela?

Teeteto: Que a crença verdadeira é conhecimento. A crença verdadeira, parece, é infalível e tudo o que dela resulta é belo e bom.

Sócrates: Não há como experimentar para ver, Teeteto, diz o chefe de fila na passagem do rio. Aqui dá-se o mesmo: o que temos a fazer é avançar na investigação. Talvez venhamos a esbarrar nalguma coisa que nos revele o que procuramos. Se pararmos por aqui, é que não descobriremos nada.

Teeteto: Tens razão. Vamos em frente e examinemos!

Sócrates: O problema não exige um estudo prolongado, pois existe toda uma profissão que mostra bem como a opinião verdadeira não é conhecimento.

Teeteto: Como é possível? Que profissão é essa?

Sócrates: A desses modelos de sabedoria a que se dá o nome de oradores e advogados. Tais indivíduos, com a sua arte, produzem a convicção, não ensinando, mas sugerindo as crenças que lhes aprezem. Ou julgas tu que há mestres tão habilidosos que, no pouco tempo concedido pela clepsidra, sejam capazes de ensinar devidamente a verdade acerca dum roubo ou de qualquer outro crime, a ouvintes que não foram testemunhas do facto?

Teeteto: Não creio, de forma nenhuma. Eles não fazem senão persuadi-los.

Sócrates: Mas, para ti, persuadir alguém não será levá-lo a acreditar em algo?

Teeteto: Sem dúvida.

Sócrates: Então, quando há juízes que se acham justamente persuadidos de factos que só uma testemunha ocular, e mais ninguém, pode saber, não é verdade que, ao julgarem esses factos por ouvir dizer, depois de terem formado deles uma opinião verdadeira, pronunciam um juízo desprovido de conhecimento, embora tendo uma convicção justa, se deram uma sentença correcta?

Teeteto: Com certeza.

Sócrates: Mas, meu amigo, se a crença verdadeira dos juízes e a ciência fossem a mesma coisa, nunca o melhor dos juízes teria uma crença verdadeira sem conhecimento. A verdade, porém, é que se trata de duas coisas diferentes.

Teeteto: Eu mesmo já ouvi fazer essa distinção, Sócrates; tinha-me esquecido dela, mas voltei a lembrar-me. Dizia essa pessoa que a crença verdadeira acompanhada de razão (logos) é conhecimento e que, desprovida de razão, a crença está fora do conhecimento.


Platão, Teeteto,


Lisboa, Gulbenkian, 201 a.C.



a) Que tese defende o texto?

A tese que o texto defende é que o conhecimento é uma crença cerdadeira acompanhada de razão (fundamentada).

b) Qual o principal argumento que utiliza para a defender?

O argumento que utiliza para a defender é que nós podemos gerar nos outros uma convicção verdadeira sem nenhum fundamento, por via das nossas capacidades oratórias.

c) Que definição de conhecimento está implícita no texto de Platão?

Está implícita no texto a definição da função tripartida do conhecimento.

Nota: Estudar página 158 !

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